O filme foi uma grata surpresa. Mostra de uma forma bastante clara como nossas alegrias e desventuras estão muito mais nas nossas cabeças do que em nossas vidas de fato.
A história é um pouco monótona e o ritmo do filme chega a ser cansativo em determinados momentos. O que marca é uma total reviravolta nos momentos finais, que altera todo o contexto da história e torna claras as intenções e o caminho tortuoso desse roteiro.
No filme, uma mulher com quatro filhas, acorda um dia sem seu marido. Ela conclui que este a abandonou e fugiu com a secretária para a Suécia. A partir daí sua vida vira um misto de alcool, desespero e depressão. Em paralelo, podemos acompanhar o comportamento de cada uma de suas quatro filhas e observar a dinâmica de diferentes atitudes frente a uma mesma fatalidade, e o impacto disso em termos de "vida". Num determinado dia, provavelmente cerca de um ano após o tal marido ter evaporado, um simples fato, um fato absolutamente inquestionável, muda toda a história e o filme termina...mas é aí que começa a melhor parte...na sua cabeça, fazendo uma releitura do que você assistiu dentro da nova perspectiva oferecida.
Um convite à reflexão. É isso o que de melhor o filme proporciona. A essência do momento que vivemos (nossa atitude) parece ter origem na forma como internalizamos, registramos os fatos do dia-a-dia. Entre a ação e a reação existe o arbítrio (Victor E. Frankl – vale a pena ler sua história e idéias
http://www.geocities.com/~webwinds/frankl/quotes.htm). Dessa forma, entendemos que nossa atitude perante a vida varia enormemente por detalhes absolutamente sutis. O grande problema, é que como resultado de nossas atitudes, nosso comportamento pode nos levar ao céu ou nos arruinar.
“Só o passado muda” (não sei quem escreveu). A possibilidade de mudança do passado, em si, não é grave. Grave é o que essas mudanças podem acarretar no resto do nosso passado, ou seja, toda a nossa vida – uma vez que o futuro não existe e que o presente vira passado antes mesmo de podermos observá-lo. Para quem viu o filme é inevitável o desconforto de entender claramente o alcance dessa frase.
Impecável a fala final do filme, com as considerações a respeito do que se passou. Nao saberia reproduzir tudo, mas em essência, diz que apesar de toda a subjetividade dos acontecimentos,
a parte inequivocamente real da raiva é a pessoa na qual ela nos transforma.